segunda-feira, 29 de junho de 2009

DICAS-SOBROU ÓLEO


CASA E DECORAÇÃO
Além de entupir a pia, jogar os restos de óleo de fritura no ralo não faz bem para o meio ambiente. Conheça as ações que dão um final feliz a esse ingrediente
Depois de fritar batata, mandioca ou um rechonchudo pastel, vem a dúvida: o que fazer com o óleo que resta na frigideira? Na maioria das cozinhas, existem três opções de solução.

1) Guardar o óleo para mais tarde e usá-lo até a exaustão - mas, diga-se, as partículas pretas que impregnam nos próximos nuggets acabam sempre forçando os cozinheiros a partir para outros jeitinhos;

2) virar, sem dó, a frigideira na pia e torcer para que o óleo não deixe o cano entupido;

3) despejar todo esse líquido viscoso em um saquinho ou recipiente descartável e jogá-lo no lixo.

O que muita gente não sabe é que qualquer uma dessas alternativas, na verdade, não traz final feliz a vida do óleo de cozinha. Isso porque, depois de descer cano abaixo, é ele que tem três caminhos a seguir:

1) ficar retido no encanamento e ter a sorte de ser separado por uma estação de tratamento e saneamento básico;

2) estar nos 68% de esgoto que não chega a ser tratado e acabar se instalando na superfície dos rios e represas, impedindo os organismos aquáticos de respirar;

3) por fim, ficar no solo, impermeabilizá-lo contribuindo com enchentes, por exemplo, e, pior, entrar em decomposição - o óleo de cozinha solta gás metano durante esse processo e, assim, agrava o efeito estufa.

Diante desse ciclo nada promissor, algumas organizações não-governamentais e mesmo prefeituras vêm desenvolvendo ações para dar um fim menos trágico as sobras do óleo de fritura. Usá-lo para a fabricação de sabão, por exemplo, é uma das alternativas que têm aparecido com mais freqüência. “Queríamos que os habitantes da cidade também tivessem consciência de que podem fazer alguma coisa pela ecologia. O óleo de cozinha foi o meio encontrado para isso”, diz Fernanda Correia, do Instituto Triângulo, que desde 2002 conscientiza a população do Grande ABC sobre o problema e coleta o ingrediente para transformá-lo no chamado sabão ecológico.

Só no primeiro semestre deste ano, o instituto recebeu quase 50 toneladas de óleo. Grandes empresas, restaurantes e condomínios têm, cada vez mais, solicitado o trabalho de conscientização da organização, que vai até os lugares coletar as sobras do produto por meio do chamado Disque-Óleo. “Acima de seis litros de óleo, buscamos na própria casa de quem nos ligou”, afirma Fernanda. Para ela, mais importante que a coleta é a noção que o instituto dá as pessoas de que um ato comum na cozinha pode resultar em uma futura catástrofe ambiental.

A mensagem do instituto, como eles querem, tem se propagado. Iniciativas similares estão sendo levadas a sério em outros locais do Brasil. Mesmo em São Paulo, onde não existe um projeto da prefeitura nesse sentido, a Sociedade de Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César junto da Ong Trevo deu início, recentemente, a coleta de óleo de cozinha na região dos Jardins, assim como a rede de supermercados Pão de Açúcar está já há dois meses fazendo esse trabalho de coleta em algumas unidades.

Em outros estados, como em Curitiba e Porto Alegre, é a prefeitura que dá o exemplo e encabeça projetos que dão um fim ecológico as sobras de óleo de fritura. Isso porque, além de sabão, esse ingrediente pode entrar na composição de produtos que vão desde ração animal até combustíveis naturais, como o biodiesel, produzido totalmente por meio de fontes renováveis. Quem não possui postos de coleta próximos de casa pode, no entanto, dar um destino mais simples, e não menos nobre, ao seu próprio óleo: produzir o sabão caseiro. Veja a receita abaixo, cedida pelo Instituto Triângulo.

Por Viviane Aguiar

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